Fernando de Almeida, escritor e jornalista, deixa legado importante

O palco da poesia fechou as cortinas e a luz se apagou nesta quarta-feira (10), com o falecimento de seu principal entusiasta, escritor, jornalista e professor Fernando Antonio de Almeida, 69 anos, em decorrência de um câncer que lutou por 13 anos.

Autor de nove livros e um apaixonado pela poesia, Fernando deixa uma lacuna no meio literário mato-grossense. Patrono da cadeira 16 da Academia Rondonopolitana de Letras (ARL), o poeta, mesmo durante seu tratamento quimioterápico, não deixou de se expressar através de suas escritas, e deixou um livro, ainda não publicado, contando a sua trajetória.

Fernando tinha várias paixões, entre elas, o time Santos Futebol Clube, onde teve o privilégio de assistir pela última vez uma partida do seu time do coração, na Vila Belmiro (SP), em Dezembro de 2021. Fez questão de ir sozinho da capital paulista ao município de Santos, uma aventura, segundo o professor, na época ele contou que foi extraordinário e que se sentiu vivo novamente, disse todo brincalhão e sarrista, que durante o percurso do estádio ao hotel, pediu um carro de aplicativo e que devido a sua aparência debilitada e a idade, o motorista queria "passar a perna" nele, cobrando um valor abusivo, e mesmo na situação que se encontrava deu uma lição de respeito e moral ao motorista.

Outra paixão do poeta era conhecer novos lugares, viajar pelo Brasil acompanhado de sua fiel escudeira e amada esposa Marize Lima de Almeida. Nesses 13 anos, Fernando esteve em vários lugares, incluindo os países da Argentina e Paraguai, mas a sua paixão mesmo era sua Paraíba, o amor por João Pessoa era nítido quando se tratava de se aventurar no nordeste.

Na política sua preocupação era maior, principalmente com o futuro que aguarda seus netos. O professor contou que foi um lulista de carteirinha, mas que sua decepção com a forma da esquerda governar o país, o fez sair do grupo e aderir a direita, nas últimas eleições para presidente, o poeta não só votou como defendeu e pediu votos para o atual presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro. Mesmo acamado, ficava por dentro de tudo que acontecia no Brasil, ele estava de olho nas eleições deste ano, e era enfático, "a esquerda não pode tomar o poder do país".

Fernando Antônio exerceu diversas funções na sociedade. Em Rondonópolis assumiu as pastas da Educação e Ação Social – na gestão do ex-prefeito Percival Muniz e no âmbito estadual foi superintendente de Planejamento do Estado, na gestão Blairo Maggi. Seus trabalhos foram reconhecidos com os títulos de cidadão rondonopolitano e de cidadão mato-grossense.

Sua garra na luta contra o câncer era admirado por todos. O poeta amava a vida, desfrutar do melhor. Nos seus últimos meses de vida, mesmo acamado, não deixou de expressar sua fé e testificar da bondade e do amor de Deus. Em nossos encontros, quando era indagado como estava, ele respondia "preparado e esperando a vontade de Deus".

Fernando Antônio de Almeida saiu de sua pequena cidade Esperança, na Paraíba, e escreveu sua história na literatura, educação e política mato-grossense, um legado que passará para suas gerações.